Talento descoberto: Aluno de escola municipal de Duque de Caxias pinta obra de arte contemporânea

Há professores que são como anjos, capazes de transformar (para melhor) a história de vida de seus alunos. Que o diga o adolescente Vitor Silva, de 17 anos, estudante do 8º ano do CIEP Municipalizado 220 – Yolanda Borges, no bairro Figueira. Ele encontrou nas aulas de Arte, ministrada pela professora Gabriela Laurindo, a fonte de inspiração que o fez descobrir seu talento, até então desconhecido, como pintor de obras de arte. Encantada com os desenhos apresentados por Vítor, com pinturas surrealistas figurativas e abstratas, Gabriela buscou formas de incentivá-lo cada vez mais. Em 2019, inclusive, ela montou na escola uma exposição, sob o tema: “A Voz da Arte”, com cerca de 20 obras a fim de que todos pudessem apreciar. A partir daí, a vida do Vítor começou a tomar um novo rumo.

“A professora Gabriela foi um divisor de águas na minha vida. Quero que ela me veja chegar lá. É como se fosse a minha segunda mãe. É muito bonito um professor ajudar um aluno assim. Eu não sabia o que queria ser no futuro. Mas, foram as aulas dela que despertaram em mim a vontade de desenhar. Ao mostrar o que eu tinha feito, ela ficou encantada e me incentivou muito. Foi a partir daí que eu me descobri. No início, pensava que só seria uma fase, mas, dessa fase, hoje são quase 300 pinturas.”, vibrou Vítor, que sonha agora fazer faculdade de Belas Artes.

Visivelmente emocionada, a professora Gabriela conta que é surpreendente o desenvolvimento do Vítor e acrescenta que ele também lhe trouxe ensinamentos.

“Ele me dá esperança, é uma renovação para mim. Um menino, morador da Baixada Fluminense, que estuda em escola pública, cria obras de arte e escuta música clássica para se inspirar. É como ver brotar flor da pedra. O que eu puder fazer por ele, vou fazer”, destacou a professora, que é formada em Educação Artística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A descoberta do talento do Vítor, segundo a professora Gabriela, que possui 22 anos na rede, mas dá aula no CIEP 220, há apenas dois anos, começou a partir de uma atividade sobre pinturas abstratas e figurativas que ela desenvolveu em sala de aula pouco antes da pandemia. Para dar visibilidade e gerar interatividade em meio aos seus alunos, do 6º ao 9º ano, ela decidiu promover na escola uma exposição com todos os trabalhos produzidos por eles. A partir daí, Vítor passou a se envolver de corpo e alma.

“Ele queria aprender sempre mais. Procurava-me para tirar dúvidas, ficava até depois da hora. Quando ele me mostrou seus trabalhos rascunhados em folhas de caderno, vi o potencial que ele tem e decidi incentivá-lo com a doação de tintas, papel canson (próprio para desenho) e pincel. Além disso, passei vários temas para ele pesquisar e se aprofundar. O resultado? As pinturas ficaram tão lindas que eu decidi dedicar uma exposição só para ele”, contou a professora, que, por conta da pandemia, passou a levar o material da pintura até à casa do Vítor.

Quem também é só orgulho é a Dona Josefa Sinésio, mãe do Vítor. “Estou muito feliz por ele. Agradeço, primeiramente, a Deus e, depois, à professora Gabriela, porque se não fosse ela, meu filho não estaria aqui. É como se ela fosse um anjo na vida dele. Antes, eu sempre era chamada na escola, porque ele tirava notas baixas. Hoje, meu filho mudou completamente. Posso dizer que a pintura o resgatou”, comemorou.

Por Marilea Lopes