Aluno da EJA, que sofreu bullying na infância, supera limitações por amor à educação

“Hoje, sou feliz pelo homem que me tornei. Voltei a estudar para recuperar o tempo perdido e dar um futuro melhor para a minha família. Ainda serei o primeiro da família a ter um diploma de nível superior”. Essas palavras de superação são do aluno da EJA, Alberto Márcio Moreira da Silva, de 36 anos, da Escola Municipal Santo Amaro, em Xerém. Ele é um dos exemplos de alunos dessa modalidade que superaram desafios, venceram medos, limitações e se deram uma nova chance em busca de um diploma.

Alberto Márcio abandonou a escola quando cursava a antiga 4ª série do Ensino Fundamental por sofrer bullying dos colegas. Ele lembra que foram momentos muito difíceis em sua vida. Eu era muito pobre, fui criado no campo. Com isso, os outros alunos me desprezavam, riam e zombavam de mim. Eu me sentia humilhado e sempre chegava em casa chorando, mas a minha mãe achava que era bobagem. Me isolei. Foi quando minha professora percebeu que eu estava diferente e me acolheu. A minha vida mudou ali. Até que, chegou o momento de mudar de série e ela não me daria mais aula. Fiquei sem chão e não quis mais voltar à escola. Terminava naquele momento o meu sonho de estudar”.

A partir daí, Alberto conta que deixava para trás os livros para pegar a enxada. Aos 14 anos, como auxiliar de pedreiro, precisou ajudar sua mãe, que também trabalhava fora, a sustentar a família, pois seu pai havia abandonado a casa. “Mesmo com todos esses conflitos, eu sempre pedia a Deus que me desse a oportunidade de um dia voltar a estudar”.

Foi quando, aos 34 anos de idade, casado e com dois filhos, Alberto conta que sua esposa o incentivou a perder o medo e voltar a estudar. “Não foi fácil, mas ali venci o meu bloqueio e me matriculei. Os professores foram bem acolhedores e, no primeiro dia, já diziam que eu era capaz”, lembra todo orgulhoso.

Alberto ainda faz questão de fazer um alerta: “O bullying quase destruiu a minha vida, como a de muitos por aí. Por isso, temos que educar os nossos filhos a respeitar o próximo, seja pela aparência ou algum tipo de deficiência. O exemplo deve começar dentro de casa”.

Quanto ao futuro, Alberto, que termina os estudos no ano que vem, é categórico ao dizer: “Ainda serei professor de História, igual ao meu professor (José) Benito. É lindo o amor que ele tem ao ensinar e como abre a nossa mente”, planeja.

Por Marilea Lopes